Escrita em queda livre

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caí,

        caí,

caí na palavra de barrigada o impacto no diafragma me fez expulsar o ar dos pulmões feito um cuspe de vento caí caí do alto das minhas certezas dos meus exageros o palavreado me sugando sugando…

profundo,

                   profundo,

bem lá pro fundo um vórtice por onde meu corpo ia descendo descendo entre um poço de sono largo e uma ou duas marés espumantes caí na mesma praia deserta no conto da sereia caí no galope do cavalo marinho mais de vinte mil léguas submarinas…

caindo,

              caindo,

de maduro de bêbado de bocó caí na palavra errada quando tropecei num travessão em local proibido pulei reticência por reticência agarrei-me em acentos já quase sem força até que fui pego em pleno nado livre nessa rede de pescapalavras...

mergulho,

                    mergulho,

mergulho de olhos abertos minha guia uma estrela do mar um Netuno com as barbas de molho acompanha minha travessia mergulho mergulho e não vejo preciosas ostras…

                       submergindo,

        respirando

respirando mais aliviado que satisfeito resfolegando a margem da margem

onde está terra firme onde está continente salvação onde está

será que aos peixes são também os anzóis pontos de interrogação

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