Paraíso

No meu o dia é sempre nublado, mantém-se uma brisa teimosa que eriça os pelos, mas não faz frio,

descai a noite de mansinho, quase não se percebe o horizonte estendido no chão, quando se vê, o céu já desdobrou sua retinta cobertura salpicada de estrelas,

todas em sortidos tamanhos e variadas matizes, cintilam sem pretensão de vaidade, tingindo o infinito de cima a baixo,

encontro nas ruas somente pessoas que amo e que me amam, em todo o bairro tem uma praia de areia finíssima, crianças, muitas, também diversas em alturas e brilhos, correm atrás de gaivotas e garças,

picolé dá em cerca, apanha-se direto no pé de Chicabom, passarinhos ameaçam, remetem e inventam curvas para depois pousar em nossas cabeças, ciscam, bicam e partem,

não há sinaleiras nem automóveis, além do sorriso das minhas filhas, só se escuta Milton Nascimento, que, aliás, ouvi dizer, é a voz de Deus, se não a própria, a dublagem oficial,

tem refrigerante de cola, encanado, geladíssimo, servido em torneiras públicas,

em cada canteiro central uma goleira com rede véu de noiva, barreira armada a onze metros e um guapo, a redondinha ali, inerte, o ventil apontado pra meta, aguardam a cobrança de um pênalti, duvidoso, marcado na contramão,

nas sombras dos Jacarandás, sempre nasce uma biblioteca, de onde desabrocham brochuras, farfalham folhetins, despegam poemas secos.

E o teu, como é?

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1 comentário em “Paraíso”

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