O certo, mesmo, é que temos todos um pouco o quê reclamar sobre o desfecho deste último pleito eleitoral. Cada estado federado elegeu um governante para chamar de seu. Agora, vejam a situação em que nos encontramos, nós gaúchos. Tomou posse por esses dias o Lactíssimo Governador do Estado do Rio Grande do Sul e do Ar do Leite. Absurdo! Pergunto a vocês: conseguirá tomar conta do estado e do ar do leite?
Vamos às evidências:
O ar do leite, se ficar muito exposto, azeda. Se muito pressionado, vira nata. Muito agitado, é batida. E se começarem a bater, de verdade, transmuta-se em queijo. Leite, quando começa a se envolver com a indústria, acaba iogurte de morango. Leite fresco até vai, mas assim, dormido, compensado, a base de soro, não tem como engolir.
E o pessoal com intolerância, como é que fica, Lactíssimo? Há também os que não podem nem sentir o cheiro dos seus derivados. O leite, esse que conhecemos bem, sabemos, é oriundo das enormes tetas de uma vaca que nunca termina de ser ordenhada. Não seca jamais essa teta mãe gentil..
Cuidar das economias, da infraestrutura, do funcionalismo, não descuidar da educação, melhorar investimentos em saúde e segurança, será possível não tirar os olhos do estado e do ar do leite? Não quero atiçar o braseiro, mas, o leite é assim, tu estás ali, não tira o olho dele e nada acontece, de repente, uma piscadela, um segundo de distração e pronto, ferve e lambuza tudo.
O problema é ficarmos quatro anos sem tirar os olhos do leite. Uma hora a gente cochila, tem que ir ao banheiro, deixa alguém cuidando bem rapidinho, pede pra avisarem quando começar a cheirar leite queimado. Só que daí, normalmente, a vaca já foi pro brejo. Não adiante chorar sobre o leite mais votado.
A salvação é conseguirmos misturar os ingredientes certos, nas quantidades exatas, expostos as temperaturas específicas, durante o tempo adequado, em ambientes propícios, sob pressão constante. Aí, sim, talvez, este governo nos brinde com algo que lembre o gosto de uma ambrosia de forno, ou, quiçá, de um pudim de leite.