#abraçoaarquipelago

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Leitores, escritores, amigos das letras, fabuladores, contadores de histórias, amantes das leituras e do pensamento crítico, adoradores dos saberes, curiosos, inquietos e traças de biblioteca: às armas! Não, armas, não. Refaço: Às almas! Uma única ponte de concreto ameaça alguns universos abstratos inteiros na ilha dos marinheiros. Haverá, na minha Poa, almas iluminadas para evitar este crime?

Explico melhor o inexplicável. Na Ilha Grande dos Marinheiros, comunidade ribeirinha que (sobre)vive com os proveres do Rio(?!) Guaíba, há uma Centro Cultural, onde reina, absoluta e justa, a Biblioteca Comunitária do Arquipélago, de apenas cinco anos de idade. Com a execução das obras para a nova ponte do Guaíba, sem dúvidas necessária e pertinente, está nos planos o fechamento, vejam bem, não é, substituição, transferência ou realocação do espaço. É fechamento.

Francamente, fechar bibliotecas em comunidades carentes é destruir todas as pontes possíveis. Sabotar a formação de leitores, dificultar o letramento e o acesso à cultura são técnicas de guerra. Daí a queimarem livros é um pulo (da ponte). Repito: nada contra a ponte, pelo contrário, vejo acréscimo para a mobilidade urbana; agora, progresso acima de tudo, asfalto por cima de todos, daí não, né, Jr.?

Os investimentos garantiram a execução da obra, na época, vieram do Plano Municipal do Livro e Leitura, portanto, meu dinheiro, seu dinheiro. Fico imaginando o tamanho da mobilização dos moradores, as reuniões intermináveis, justificativas a exaustão, a possibilidade de um sim, a ansiedade das crianças, por fim, a materialização de um sonho coletivo e, agora, seu sepultamento. Seria trágico não fosse desumano.

Carecemos de pontes e livros que nos projetem ao outro lado da margem. E uma obra não pode excluir a outra. Uma biblioteca é infinitamente mais libertadora que uma ponte. Sem uma biblioteca, inclusive, não haveria engenheiros que as projetassem. Sem as pontes não atingiríamos tais níveis de desenvolvimento econômico. Mas sem bibliotecas não alcançaríamos desenvolvimento algum. Por isso, sem constrangimento,

#abraçoaarquipelago !

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