Era uma vez…
Três fininhos que viviam só na brisa, apertados na casa da mamãe. Um belo dia, lá pelas quatro e vinte, resolveram ascender na vida. Decidiram tragar sozinhos, bolados, cada um na sua seda. Separaram suas morrugas, seus galhos, sementes fêmeas, e partiram em busca de um lugar onde pudessem plantar para o seu prórprio consumo e deitarem na relva numa relax, numa tranquila, numa boa.
Acontece que o Lobo Baura andava pela boca. E numa larica monstra! Os olhos vermelhos imensos, os dedos amarelados e aquele bafo de Colomy podre. Não fossem os dreadlocks, o par de óculos comprado dos Haitianos e a chaminé que eram as suas orelhas, poderia ser confundido com algum outro animal da selva da pedra marvada.
Os três fininhos trataram logo de fechar as suas sedas, cada um ao seu estilo. O primeiro fechou um do palha, o terrinha, farelento mesmo, conservado no amoníaco. O segundo fininho fechou um cone do sinsemilla. Mais encorpado. Amadeirado com notas do Manga Rosa. Usou piteira de fibra de cânhamo. Já o terceiro fininho pegou um tijolo White Widow Afghan mais um pouco do Purple Haze. Fez um biledal. Mesclou com o do massa, tudo muito bem piladinho.
O Lobo Baura, com uma caixinha de som comprada dos Haitianos, escutava bem alto “minha galera”, do Mano Chao, e sentia de longe o cheiro de verdinho novo. Quando os três fininhos o avistaram, foi um tosse-tosse de engasgar. Um tal de recolhe ponta e pega bagana pra tudo que era lado. Enrolaram-se num instante, lamberam cada um a sua goma e ficaram durinhos, moqueados na grama.
Viajando nas borboletas, o Lobo Baura nem se ligou e quase que pisoteia os três fininhos que estavam ali, disfarçados de graveto, só na camufla. Passou reto o Lobo chapado, pediu a brasa para um vaga-lume, acariciou duas moitas, conversou um pouco com o próprio rabo e se mandou. E dizem que até hoje, quem procurar bem, pode encontrar um fininho perdido em alguma grama verdinha.
Moral da história: eu tenho La Fontaine.