Nos acréscimos
… Quando o árbitro marca pênalti o capitão já sabe exatamente o que vai fazer. Casa lotada. Quarenta e seis do segundo tempo. O empate até o momento dá o campeonato ao adversário. Reclamações, xingamentos e confusão na pequena área. Dois cartões amarelos, a polícia em campo e as coisas arrefeceram. Aquela piscadinha pro goleiro. Ajeita a braçadeira. O dez às costas. Afofa a marca da cal com o pé esquerdo. Mede o pé de apoio. Toma distância mais do que fôlego. Estádio mudo. O apito. Correu pra bola …
Nos acréscimos dos acréscimos
…Blecaute! Inacreditável! Retem o canhotaço. Leva as mãos à cabeça. O estádio explode num misto de vaia e gritaria. Celulares acesos compõem o espetáculo. O árbitro vai consultar o quarto árbitro, que vai consultar o diretor de arbitragem, que foi consultar o vice-presidente, que está ao telefone com o presidente, que garante o restabelecimento da energia em poucos minutos. Repórteres, massagistas, dirigentes e transeuntes no gramado. Os refletores de canto começam a enrubescer atrás da goleira…
Além do tempo regulamentar
… Ventos fortes a sugerir redemoinhos nas arquibancadas superiores, próximo às cabines de rádio. Já temos iluminação suficiente para reiniciar a partida. Estamos por conta do senhor árbitro Robildo Valandro. Com problemas psicointestinais, o batedor oficial fora substituído. Quem vem para a batida agora é o zagueiro, número quatro, Marreta. No caminho até a bola sente agulhadas nas pernas. De repente também nos braços. E na cabeça. Granizo! Granizo! Correria. Voam as placas dos anunciantes…
Não saio daqui até o apito final!