V.V.V

Amanhã ou depois, sempre quis iniciar uma crônica com essa expressão, pois repito, amanhã ou depois vão dizer que não a viram passar, mas aposto que são todos expectadores da V.V.V – Vida Voando ao Vivo.  Há quem apenas acompanhe a dos outros, sim, é verdade, o que não faz com que a sua desacelere, ao contrário, perde-se um precioso tempo de vida própria verdadeira, acompanhando a vida falsa dos outros.

Nesse Reality é tudo reality, mesmo: os boleto, as estaleca sempre contada, a xepa, muitos monstros e alguns poucos anjos em nosso confinamento voluntário. Tem gente combinando voto? Mal, mas tem. Gente fazendo conluio pra derrubar os irmão? Ah, se tem. Prova de resistência é todo o dia, valendo, bom, valendo a vida. Na V.V.V o jogo da discórdia é virtual e praticado no vasto campo de alecrins dourados das redes antissociais.

“…muitos não percebem, mas estão todos expostos sob o teto da uma frágil casa de vidro”.

Aquele que conseguir botar a comida na mesa é o líder da semana e tem direito a um velho pijama xadrez de flanela, pantufas gastas, quarto e banheiro para limpar e chamar de seu. O confessionário foi transferido para o bar. A piscina tem que encher e está com um furo na borda que precisa de remendo. E muitos não percebem, mas estão todos expostos sob o teto da uma frágil casa de vidro.

Hoje é dia de paredão. Aliás, todos os dias são de paredão na V.V.V. Uma pessoa será eliminada em rede nacional, na frente de milhares de expectadores atônitos, sem prova de bate e volta, é bate e fica. As estatísticas apontam que a eliminação será de uma pessoa de pele preta, pobre da pipoca, com mais chance de ser uma mulher. O entretenimento é assistir a eliminação de alguém. A exclusão não se encerra nunca na Vida Voando ao Vivo.

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2 comentários em “V.V.V”

  1. Gilmar de Azevedo

    Boa, Tiago. A conclusão do ficcional BBB2022 (com roteiro e direito a entristecimento programado com a mentira de que tudo é espontâneo porque próximo do real) é que “As estatísticas apontam que a eliminação será de uma pessoa de pele preta, pobre da pipoca, com mais chance de ser uma mulher”. Vou acompanhar hoje à noite na televisão, só para ter certeza de que tudo continua a mesma coisa. Bah. Grande abraço e parabéns pelas “desconfortantes, mas necessárias” letras. Abraço, amigo.

    1. Agradeço, professor, pela leitura e pelo carinho de sempre para com este grosseiro rapaz aqui. Tudo pode começar a mudar em outubro. Nem a realidade anda espontânea, não é? Diferente da nossa amizade.
      Abração!

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