Chegou o dia. Chegou pra mim como um dia chega pra todos. É veraníco. Pessoas se aquecem bergamateando no solzinho de maio. Minha amoreira miniatura sofre as primeiras folhinhas secas. Em dias assim, flecho declarações impulsivas na tela cristalina. Flerte retribuído nas piscadelas do cupido cursor. Direto das páginas mudas. Ansiosas. Branquinhas. Mas hoje, nada. Só me ocorrem cantadas canalhas. Chove no meu inverníco particular.
Chega pra todos, é verdade. Nunca se espera é que aconteça cosigo. Assim. Sem mais nem vez. Os mais experimentados me garantem que passa. Que é só relaxar e desperta uma frase de efeito. Naturalmente, garoto, naturalmente. Dizem. Sem pressão. Sem pressão. Clico um jornal on line qualquer. Lixo tóxico e raiva. Ligo a televisão. Asco. Hipocrisia. Farsa. Saio de casa. Pode ser que na fila do pão alguma coisa de novo. De novo. Nada. Café, claro, digo, café preto. Claro! Cafeína nossa de cada insônia. Melhor, um lágrima, por favor, moça. Bem choradinho. Um gole. Outro pito. Entre durmo. Um livro. Isso. Um bom livro sempre ajuda. Numa hora dessas então. Certo que ajuda. Oxigena. Alivia. Vai que desata. Destrava.
Ah! Essas minhas dúvidas, dívidas e dádivas. Devias ver com os meus próprios olhos. Quase toda ela de branco. Semivirgem. Só o cursor pulsando vivo alinhado à esquerda do pleito. Esperando. E nada. Só me ocorrem baboseiras. Que vergonha. Todos esperando. Ela quase todinha branca. Esperando. E eu nada. Chegou o dia pra mim também. Talvez uma pedalada. Um lugar com muita subida. É melhor de pensar nas subidas. Marcha leve. Um banho. Outro café. Pode ser que agora… Esquece. Hoje não sai. Bem que avisaram pra deixar umas duas na manga. Pra esses dias assim. Eu que não ouço ninguém. Deisparo essa frase imnteira senm oljhar pra tela. Corrijo. Deleto. Flecha perdida. Já disse. Hoje estou fora do prumo.
E o cursor espião ali. Teimoso. Atrevido. Bem pode ser ele me bloqueando. Ciumento. Inconveniente. Só pode ser ele. Passional, minimizo a janela. Respiro. Restauro. Salta o impostor debochado. Fecho. Intromete-se uma pop up. Repenso. Cancelo. Já sei! Mantenho esganada a barra de espaço. Mato o cursor de sumiço. Agora sim. Todinha em branco. Só ela e eu. É agora, tenho que dizer alguma coisa, alguma coisa…
– [tosse] é… Então, branquinha, aceita um lápis?