Meu ~ do <3

Dusty Yellow Illustrated Heart Vintage Postcard
 “Se eu quiser fumar eu fumo
Se eu quiser beber eu bebo”

O irmão mais velho do meu pai, um dos meus amados tiozinhos, esse em especial que, pronunciando sua graça ao contrário, também é Maria, passa no momento exato em que eu escrevo aqui do bar essas mal traçadas, por uma intervenção bem no órgão que ele usa pra decidir sobre as coisas mais simples da vida, essas que são como sabemos, as mais importantes. É que encontraram bitucas de cigarro obstruindo a dispersão nas coronárias. Um bloco com alta miligramagem de cabeça de cachorro – caipirinha com ½ vodka ½ cachaça, um pinguinho de undenberg, limão, gelo e adoçante -, gordura e um pouco de sangue tipo A-peritivo, atravessou o enredo. Agora, ele vai contar com umas cinco ou seis pontes (cada vez que se conta se aumenta uma ponte) pra termos acesso àquela bomba relógio que ele esconde no peito. Sangrando de tão colorado. E que batuca na cadência da velha guarda da Portela.

“Eu tenho amores e amigos de fato
nos lugares onde eu chego”

Não tenho medo que essas vias de acessos alternativos congestionem de gente reivindicando um canto no coração gigante do meu tiozinho. Meu espaço eu já garanti faz tempo. Um terreno que fica na esquina do ventrículo esquerdo, de frente pro amor que ele me tem. Esse que não consegue estancar. Ser cardisplicente, ou seja, aquele que não cuida ou que zomba do próprio coração, também é uma característica em comum entre o meu tiozinho e meu Maria. A boemia seria outra. Algumas benditas mulheres também sempre orbitaram os meus astros. Frequentemente, descompassando sambas, sístoles e diástoles desses dois meninos que eu já conheci enormes. Meu tio teve três filhas e me passou, em vida, esse abençoado encantamento de herança. Bem que uma dessas sete ou oito pontes que vão construir usando as veias dançarinas dele podia ser exclusiva desse negrinho aqui. Pra facilitar nosso fluxo.

“Eu estou descontraído, não que eu tivesse bebido
nem que eu tivesse fumado pra falar da vida alheia”

Imagine mandar pro conserto um aparelho seu muito, muito precioso e delicado. Mas precioso e delicado, mesmo. Contento algo de extremo valor. Assim, tipo, a sua vida. Pense que durante o reparo, com o aparelho desligado, irão manusear, monitorar, provavelmente cortar, substituir alguma peça desgastada, suturar, reencaixar no lugar e trazer à luz novamente sua única e sempre desejada vidinha. Só bebendo ou fumando pra ficar descontraído. Na verdade, na verdade, escrevo essas linhas é de nervoso. Não chorei / como louco eu até sorri / mas no fundo só eu sei / das angustias que senti. Vão serrar o osso esterno pra tocar no coração do meu tiozinho. Só não quero que mexam no meu loteamento. Ai deles se bloquearem nossa ligação direta. Já estou avisando, tio, se eu bater e tu não me abrires as portas do teu coração, eu vou arrombar a janela… Garçom, a saideira, por favor!

“Mas digo sinceramente, na vida coisa mais feia
é gente que vive chorando de barriga cheia”

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