sgreU

PicsArt_07-17-09.33.12

Ingressei na universidade pública este ano, agora, recém vai fechar um semestre. Entrei e entrei entrando: sou um dos representantes da turma de calouros, bolsista de um projeto de pesquisa na área da literatura, voluntário no projeto de biblioterapia, fui treinador do time de futebol das meninas nos jogos universitários, toquei minha harmônica, em dó maior, na aula inaugural, em homenagem à patroníssima professora Valesca de Assis, e faço parte da Comissão Estudantil dentro do Centro Acadêmico Lya Luft. Ah, sim, estudei, li muito e tirei boas notas.

Na segunda ou terceira semana de aula, não lembro bem, houve uma ocupação na reitoria, reivindicando professores. Penduramos uma boneca de pano, da minha filha do meio, pela janela do sétimo andar, em plena avenida Sete de Setembro, no Centro Histórico de Porto Alegre, com um cartaz: Governador, não enforque a educação!

Conseguimos, através da arquidiocese, por intermédio dos Mensageiros da Caridade, um gabinete de geladeira que servirá de Geloteca e vai acomodar livros no prédio onze do campus central. Ou seja, a universidade é um lugar de estudos, de relações interpessoais e, acima de tudo, um espaço de lutas.

Percebeu essa minha queda para as boas batalhas o meu professor de gramática (sempre a gramática me dando trabalho) e indicou-me para a professora de literatura (sempre a literatura a me oferecer prazeres), que irá concorrer à reitoria da universidade, para que eu acompanhasse a campanha, organizando a parte de marketing e mídias sociais. Nossa universidade, para quem não conhece, está distribuída em vinte e quatro municípios do estado, são mais de seis mil alunos. Terei o privilégio de conhecer as demandas, dificuldades e virtudes de cada unidade. Isso não é uma graça?

Na estrada, já nas primeiras visitas, pude perceber sua importância para cada região. O carinho e orgulho de quem faz essa universidade contra tudo e contra todos. Os milagres que operam os professores. A dedicação de cada funcionário. E, principalmente, a força de vontade e a inquietude dos alunos no dia a dia. Muitos com escassos recursos, porém com garra e coragem, numa abundância que enche os olhos deste calouro, deslumbrado e sempre otimista, grosseiro rapaz que vos escreve. Começo a temer (sai pra lá, nome da peste) problemas com a Receita Federal, tamanho o enriquecimento que venho acumulando nesse curto período.

Mas que universidade invertida é essa, que conhece tão bem o Rio Grande, mas que o Rio Grande ainda não conhece direito? Uma universidade gratuita, pública, de direito privado, como assim? Que disponibiliza sessenta por cento de vagas para cotistas? Que tem grande (se não for a maior) parte dos seus docentes com doutorado? Que precisa ser explicada, de quatro em quatro anos, toda vez que troca o governo? Que força de potência é essa, que estamos a negligenciar a existência? Confesso, ainda não sei. Mas vi que precisa de ajustes. Vou desvendá-la e te conto. Quem sabe na próxima terça.

gostou? compartilhe e curta!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima