O “coiso”, jamé!

– Eu leio textos.

– Com que frequência?

– Todo o tempo.

Textos que gritam uma determinada mensagem. Texto como um conjunto de enunciados com intenção comunicativa. Textos que podem, inclusive, não necessariamente, serem escritos. Eu leio textos em tudo que vejo. Alguns silêncios, por exemplo, carregam discursos inteiros. As roupas com que nos vestimos (a ausência delas), nossa fala, o corte do cabelo, o modelo de celular que usamos; tudo é texto. Um texto tem de estar relacionado com outros textos e adquire sentido de acordo com o contexto. Você aí, que lê este texto, você é um texto ambulante. O que você comunica, faz sentido pra você?

Eu vejo textos incoerentes nos comercias de televisão. Eu leio textos, nos diários populares, contradizendo verdades inquestionáveis com argumentos muito bem elaborados. Estão, normalmente, dispostos em uma ordem pré-estabelecida para que produzam os efeitos desejados. Textos, sempre endereçados a um público específico, conversam com os nossos textos internos e produzem sentidos através das nossas experiências, das nossas referências e de como nos relacionamos com elas.

Uma imagem vale mais do que mil clichês. Há textos por aí carregados de duplos, triplos, múltiplos sentidos. Existem textos criados só para negarem outros textos. Tem texto que escreve uma coisa e, na verdade, quer dizer outra. Textos que não dizem coisa com coisa, de propósito. Códigos em que apenas um grupo de pessoas tem acesso às chaves. Existem diversas formas, maneiras diferentes de usar, estilos específicos e grupos de enunciados mais palatáveis de acordo com o que se deseja e a quem se pretende atingir.

Um belo exemplo de texto, com toda a sua carga de sentidos, direto, preciso ao que se propõe e de fácil entendimento, é o termo que circula atualmente nas redes sociais: ele, não! Ele, quem, cara pálida? Não, o que? Este “ele” carrega o estigma da misoginia, da intolerância, da truculência, do preconceito de raça e de gênero. Este “ele”, que faz referência ao candidato presidenciável que não se diz o nome, traz consigo a imagem do “coiso”, seguido diretamente de uma negação. Ou seja, o texto quer dizer, para que todos entendam, em outras palavras: o “coiso”, para presidente, jamé!

o coiso

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