Crise identitária

crise identitária

 

Quem sou eu, quem sou eu? Traço de vergonha alheia aos olhos de um mundo faminto de raiva, quem sou eu, o nariz quebrado, a cara quebrada, o orgulho morto, quem sou eu, quem sou eu? Eu que não sou daqui nem de lugar real, quem sou eu, essas minhas misturas, meus métodos e meus anseios, quem sou eu, na proporção do cosmo, quem sou eu, quem sou eu – na fila do pão? Imiscuído à fauna delirante da CB, em outro engarrafamento, preso por desacato, quem sou eu, capaz dar de comer pó de vidro a um faminto, quem sou eu? Essas mãos imundas e a consciência asseada, quem sou eu, altivo ainda que podre por dentro, quem sou eu, quem sou eu, que amamentei a um estranho, vários, e não perdoo meu filho, quem sou eu, cagado de bêbado, no culto de domingo, sentado em fortunas, assistindo a uma fome eterna, quem sou eu, quem sou eu, seis e trinta e cinco, todos os dias, quem sou eu, a imaginar universos, por entrefrestas de uma persiana, em algum consultório, quem sou eu, quem sou eu, propondo melhores salários, roubando o quanto consigo, quem sou eu, que não estou entendendo nada? E você, quem é?

gostou? compartilhe e curta!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima