Não sei se vocês sabem, xófens, mas antes dos Bips, dos torpedos de SMS e do ICQ, antes mesmo do Orkut e do Messenger nós já nos comunicávamos com desconhecidos à distância de forma eficaz, privada e segura. Tá, não tão segura e nem tão privada, mas, vá lá, eficaz. O tampo de fórmica das classes no colégio era o APP onde codificávamos a lápis trocas de mensagem instantânea. E aqui por instantânea entendam de um turno para o outro, quando o próximo a ocupar a classe receberia o código cifrado. Tipo:
“aqui é o dono da meza toda o senor não pode escreve aqui. qual é ceu nome”.
E a pessoa do turno inverso tinha que decodificar e responder à altura pra ver se merecia o diálogo, se dava, digamos, “match”. Então uma resposta que mereceria outra resposta no dia seguinte seria algo:
“com z naum tem dono. senor é marido da senora e tá no séu. nome na classe A7”.
Quando as moça da limpeza passavam pano com álcool era a nossa atualização do sistema, tá ligado. Quem não tinha escrito as conversa em alguma folha do caderno, que era o mesmo que salvar, perdia tudo.
A cada bimestre a coisa ficava mais sofisticada. Ganhava novas ferramentas e funcionalidades, como: repassar gabarito de prova em letra gótica. Apelido de professor ao contrário. Escrever palavrão com cola transparente pra revelar com pó de giz, e por aí vai. Mas a revolução tecnológica foi quando um colega deixou uma página peluda, de olhos enormes e uma boca tão grande da G Magazine colada debaixo da classe. Isso já era tipo um arquivo anexo, entende? E foi a professora Berna que achou. E isso, sim, era praticamente um “fulano saiu do grupo”.
Muito bom, Tiago! Muito bom!
Agradeço a leitura, Rubem.
Abração.
Muito boa a crônica….sou dessa época, talvez um pouquinho mais velha pois no Colégio Sevigné as mesas eram de madeira e ficava tudo marcado, como um arquivo para o pessoal xovem….e qdo entre no Direito, na PUC em 1978, as classes ainda eram de madeira sem fórmica…muitos recados foram ali deixados….kkkk
hahaha Siimm, Eugênia! Na falta da tecnologia a criatividade deixava suas marcas. Eramos bem felizes. Ainda somos! Agradeço a aleitura. Carinho.
Caro Tiago, como de costume, nos traz um passado telúrico para um presente cada vez tecnológico e, em alguns casos, impessoal. Estudei em classes de fórmica e fazia algumas indicadas em seu texto, mas não com esta sofisticação. Parece que sempre foi um “inovador” e esteve com “inovadores”. Seu texto, agora não mais fórmica, continua “formidável”. Parabéns, abraço!