Algo estranho

Assim, uso o apelido íntimo em função da nossa proximidade, a convivência frequente, nossos segredos tantos, as preferências compartilhadas, tudo isso. Daí a liberdade na forma de tratamento. Na verdade, na verdade, hoje, sabes mais de mim do que eu mesmo, antecipas as minhas escolhas e até direcionas meus movimentos. Por isso, Algoritmoi, derramo aqui, peito aberto, algumas considerações, tipo:

Tu, que tudo sabes, que tudo ouves e tudo enxergas nas entretelas, podias avisar quando estou usando meus dados móveis mesmo tendo uma rede wifi liberada por perto, não podias? Talvez indicar o melhor dia e horário para pedir aquele aumento. Oferecer sugestões de desculpas mais plausíveis de acordo com o perfil dos credores. Alertar sobre os riscos de um gracejo naqueles dias de hormônios aflorados, seria pedir muito?   

Outra coisa, Algo, não é porque eu comento sobre um determinado produto que tenho a intenção imediata de comprá-lo. Ou, se canto uma música em especial, não quer dizer que desejo ir ao show desse artista. Também não quero  mais receber promoções de livros, tenho meu orçamento comprometido até dois mil e trinta e cinco, devias saber disso. E não gosto de carros, ponto. Não insista em propagandas automotivas. Seja criativo, parceiro, me surpreenda. 

Agora, uma questão que me incomoda, de verdade, é isso de mulheres seminuas em propagandas de bebidas ruins pipocando na minha timeline. De onde tiraste isso, Algo? Não combina com meu histórico. Há muito que deixei de beber mal e objetificar o sexo oposto. Deves estar me confundindo com outro perfil. Meus interesses não conversam com as tuas dicas, precisas atualizar as buscas, sei lá, tentar um caminho novo, te vira, use a tua inteligência, ou ela é só artificial? Responde, Algo, fala comigo…

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4 comentários em “Algo estranho”

  1. Show, Tiago! Espero que, ao curtir a crônica, eu receba do meu Algo dicas de texto do mesmo nível… =)

    1. Tiago Maria

      Este é o risco que estás correndo, amigo!
      Agradeço a leitura. No aguardo do próximo “piti”, digo, encontro.
      Carinho,

      😉

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