Olha, vou te dizer, não tem coisa mais RÍ-DÍcula do que a tentativa de esconder o que já está nítido pra todo mundo. O disfarce é muito pior. A coisa que se pretende ocultar fica ainda mais evidente. Escapar a qualquer custo de um suposto constrangimento é uma peruca solta em dia de vento. Percebe-se de cara, não fica natural. Tipo os tiozinho de cabelo acaju pra encobrir os grisalhos, gente, dá pra ver de longe. E tem uns que pintam o bigodinho no mesmo ton. Simplesmente não funciona. Alguém pode avisá-los, por favor?
Não basta também a pessoa GRITAR que não tá bêbada, tem que fazer o quatro na frente de todos e provar que, no fundo, tá mesmo. Crise de tosse em momento solene, por exemplo, tem como dissimular? Uma tia tentou trancar a força, no silêncio sepulcral de um velório, e acabou lhe escapando um daqueles de levantar defunto, com o perdão do trocadilho funesto, mas não é de matar? Ou o fumante que depois de umas três tragadas profuuundas mete um chiclete na boca e acredita que seu corpo todo agora exala tutti frutti.
“Vontade de dizer, amigo, não sei bem o que é, mas você está fazendo isso errado”.
E gente que explica piada ruim, sério, não tem condições, vergonha alheia. Tem os que pensam que sabem cantar e ficam pedindo opinião, “que tu achas desse agudo, hein?”. Uns que se imaginam masterchef e te fazem repetir duas vezes uma gororoba só. Vontade de dizer, amigo, não sei bem o que é, mas você está fazendo isso errado. Não digo nada. Vai que a pessoa aprende a cozinhar e não me convida mais. Com comida não se brinca.
Agora, feio de ver, cômico se não fosse trágico, é tentar evitar uma queda iminente. Não adianta, algumas leis, por mais esforço que se empregue, não há como infringir, cito apenas três para ilustrar: a Lei de Murphy, a Lei do Retorno e da Gravidade. Se a coisa tem uma única chance de dar errado, dará. Se fizeres algo pra alguém, de bem ou de mal, um dia receberá de volta, em dobro. Por isso, guardo comigo o ensinamento de um velho conselheiro amoroso: “irmãozinho, se tu ver que vai cair, te atira que é melhor”.
Evoco a lei do retorno e fico na torcida: quem deve cair, cairá!
Agradeço a leitura, mestre.
Que se atirem de vez!
Abraçaço!
😉
Me atirando, sempre, e com mais frequência a cada dia…
Boa, Altino! Tô aprendendo a me atirar sem dó.
Abraçaço, querido!
😉
Muito boa a tu crônica. Parabéns. Gostei muito.
Agradeço a leitura, Eugênia, fico feliz!
😉