23

Não sei vocês, mas eu já tô só pelo ano que vem. Esse 22 já era, deu o que podia e tirou o que conseguiu. Chega, né? Já vai tarde. Eita aninho sofrido! Os roteiristas se puxaram. Não faltou nada. Drama. Tragédia. Romance. Muita luta, muita luta, muita luta. Algumas alegrias. Raríssimos momentos de prazer. Derrotas tantas. Vitórias, algumas. Perdas. Saudades. Um pouco de amor teve também, não se pode negar, que sem o amor não resistiríamos até meados de outubro.

Os últimos anos vêm sendo de sacrifícios coletivos. Resiliências. Autoconhecimento, para alguns. E de um completo autodesconhecimento para outros. No meu caso, não me reconheci em diversas situações. Deixo minhas sinceras desculpas aos que ofendi de alguma forma, tratei mal, não dei a devida atenção, o carinho e o cuidado que a ocasião exigia. Perdão. Não era eu. Não sou assim. Nunca fui. “De mim, a quem desconheço totalmente, falo de cadeira”.

“Levam vantagem aqueles que enxergam no espelho, na imagem invertida, sua verdadeira essência”.

Em tempos bicudos como esses em que estamos vivendo, sai na frente quem se percebe melhor, entende seu funcionamento, sabe quais estratégias ajudam a lidar com o caos, reconhece seu próprio caos. Levam vantagem aqueles que enxergam no espelho, na imagem invertida, sua verdadeira essência. Os que não se afastaram de si mesmos. Ao contrário. Abraçaram suas intimidades e estreitaram o máximo o que se diz e o que se faz.

Ano que vem corro atrás do prejuízo, arrumo o estrago, estanco o sangue. Quero – preciso – saber onde me acho e me desencontro. Como tratar melhor meus afetos e lidar com as renúncias. Onde, em mim, a felicidade se entoca e fica a espiar por entre frestas. Ano que vem será diferente. Nem esse clichê vou usar mais. Rompeu a casca agora e tá piando aqui uma esperança tímida, fraquinha. E é nela que vou me agarrar. Subtrair rancores e dividir amor. Vou sonhar com isso. Porque não se vive só para si mesmo. Oxalá 23 seja um ano bom para os sonhadores.

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