O causo aconteceu em algum novembro. E a Dona Eva me contou bem assim…
“Se imaginasse a falta que me faria agora, jamais teria plantado aquela semente fálica. Sempre tive a mão boa, é verdade, mas não depositava muita esperança naquela mudinha de tico murcho, quase sem vida. Foi com surpresa que, em tão pouco tempo, vi brotar meu viçoso pé de caralho grosso. Ouviram as minhas preces lá de cima? Estava eu, enfim, livre de todo aquele excesso que acompanha um bom exemplar de pica dura, a quem chamam: homem.
No começo, ainda moça e inexperiente, exagerei nas primeiras podas. Quase perdi minha planta erótica por excesso de zelo. Algumas primaveras mais tarde descobrira o tempo certo de exposição ao sol, umas boas regadas e um carinho especial fez crescer meu pau plantado com raízes fortes e uma enorme glande rosada.
Meu orgulho, meu xodó. Exibi-lo às amigas despertava em mim um prazer semelhante ao das noites quentes em que adormecia na plantação. Onde o ar – voyeur fresco – acariciava-me junto às hortaliças bem-dotadas. Vem o outono. Caem os pentelhos. Folhas secas pelo chão desnudando um par de bolas lustroso. No inverno, encolhido de frio, mal punha a cabeça para fora do prepúcio. É primavera novamente, sábia mãe natureza. Meu pé de caralho se renova com vigor. Assim passavam os anos. E eu agradecia aos céus. De tudo o que eu precisava, a terra me provia em abundância.
Pois dos céus, de pernas abertas, é que viria minha desgraça. Formigas, por mais taradas que fossem nunca se aproximaram do meu estimado vegenital. Pássaros curiosos, também não se atreviam a fustigar nos meus frutos do pecado. Nem mesmo a sorrateira erva daninha investia contra minha plantação orgásmica. Aconteceu no verão. Bocetas aladas! Sim. Um enxame de bocetas com asas atirou-se em voos rasantes sobre os canteiros. Jovens pererecas apenas acompanhavam ao longe. Algumas, raspadas, quase tocavam os ramos. Outras, mais experimentadas, premiam os grandes lábios e emitiam sons capazes de provocar a ereção imediata nos brotos mais verdes do meu pezinho de caralho.
É foda, mas é fato! Foi assim, numa revoada de bocetas, que perdi para sempre uma safra inteira de caralho caseiro. Debandaram todos. Cegos caralhos voadores, enfeitiçados pelo canto das xoxótas”.
(PS: A arte é um regalo do querido leitor, meu bom José, o Comendador).
Crônica pândega.
O Pequeno Pênis é criação de Diego Nunes Engelke.